domingo, 25 de setembro de 2011

Espelhos


 Jamais conheci um espelho que fosse imparcial. Reparou? De um espelho para outro, a gente nunca é igual. 
O espelho do meu banheiro acha minhas sobrancelhas felpudas, o do armário me acha gordinha se virada à direita e obesa à esquerda. O do hall gosta da minha cintura, o do banheiro da escola diz que meu queixo é grande, os vidros do metro me pintam modigliani (longo pescoço mas sem luz nos olhos), as portas reflexivas de elevadores casariam comigo se pudessem. 
 Daí eu pergunto: projetam o que somos ou o que veem? Como me saber bonita se jamais conheci um só espelho objetivo, sincero e honesto? Me vejo nos que me amam e esqueço pra sempre do resto?



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Debaixo de chuva




Quando não se ver luz nem no céu,
A felicidade é só lembrança, e bem vaga
Já que a tristeza lhe tira qualquer faísca de pensamento.

Qualquer brisa no rosto o fará se sentir coberto pelo frio.
Os pingos pesados como tempestade o escorrem para o chão
Carregado de poças de outras dolorosas lembranças.

A presente dor que não se diluiu.
... e descobrir que a melhor parte do dia foi adormecer.
Não pelo conforto, mas pelo esquecimento.